terça-feira, 28 de outubro de 2008

Formação.

Já há alguns milhares de anos, o homem acredita na sua capacidade em alcançar o metafísico, o indizível, o transcendental e/ou a divindade.
Essa busca parece inerente à natureza humana e se manifesta, seja por predisposição biológica, inconsciente coletivo ou educação, desde a mais tenra idade.
Toda criança sente curiosidade em entender e tomar parte da religião ou culto de seus pais, ao mesmo tempo em que tenta vencer as dificuldades (ou as adaptar) de absorver crenças e opiniões subjetivas com tão pouca experiência de vida.

De qualquer forma, ao contrário do que certos cultos orientais costumam acreditar, o Terceiro Olho Já foi conquistado. Ele reside no centro de nossas faces desde o nascimento, pulsando e buscando, Escrutinizando cada aspecto da realidade sensorial e objetiva, alterando-a, transformando-a, subjetivando-a e criando seus novos significados.

E não se enganem: um ateu nada mais é do que um crente que muda o nome de seu deus para "ciência".
São os piores...

Mas eu...
Eu arranquei meu terceiro olho. Prostei-me de frente ao espelho e, com a frieza e a certeza dos lunáticos, fiz a incisão que me serviu como ponto de partida para a remoção completa desse órgão extra.
Meu terceiro olho se foi, jogado e esquecido numa cesta de lixo de um pequeno lavabo de um medíocre apartamento de classe média de São Paulo.

No lugar, um nódulo, um tumor, um corpo estranho, um inimigo. A quarta parte de minha existência e aquele com quem divido os segredos do Vazio.

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